Saudações leitores!

O post de hoje faz parte do blog tour feito com a Ronize Aline. Ela se dispôs a responder perguntas feitas por leitores no instagram do @papo_literário a respeito do ofício de escrever e de como é a vida de escritora. 



Mas antes de entrar nas perguntas e respostas propriamente ditas quero que conheçam um pouco mais a Ronize: 


Ronize tambem trabalha com criação de textos em diversos formatos e para diversas plataformas (matérias jornalísticas, resenhas de livros, conteúdo para sites, textos institucionais, projetos educacionais, literários e empresariais, entre outros), tradução, revisão  e preparação de originais literários. É crítica literária do jornal O Globo do Rio de Janeiro (no suplemento literário Prosa&Verso) e professora do curso de Comunicação Social da UniCarioca. Ministra cursos e palestras nas áreas de criação literária, escrita criativa e literatura infantojuvenil.

Agora vamos lá as Perguntas dos Leitores – Papo Literário *-*

@papo_literário: Ronize, qual é a maior dificuldade que um autor enfrenta ao escrever para crianças?
Ronize: Não subestimá-las. Infelizmente, ainda há muito preconceito com a literatura infantil. Se, por um lado, as pessoas concordam que é importante estimular a leitura na infância, por outro acreditam que quem escreve livros infantis faz uma literatura “menor”. Como a própria Ruth Rocha já comentou, muita gente se refere a ela como aquela que escreve “historinhas”, no sentido de minimizar o trabalho do escritor infanto-juvenil. É preciso ter em mente que a criança é inteligente, perspicaz e capaz de fazer a suas próprias leituras da história. Não subestime o seu poder imaginativo.

@quaseumabiblioteca: Ronize, qual é a sua fonte de inspiração para escrever seus livros?
Ronize: A inspiração, ou aquela centelha inicial que dá o impulso ao processo criativo (que, aí, é mais transpiração do que inspiração) vem de todos os lados. De algo que vejo na rua, de uma música, de uma imagem me cativa, de uma conversa entreouvida por aí... No caso do meu livro infantil recém-lançado Anete, nariz de chiclete, ouvi alguém chamar pelo nome Anete e, imediatamente, me veio à mente: nariz de chiclete. Essa rima ficou martelando na minha cabeça até que eu criasse uma história para esse título.

@minha_estante_: Quando você começou a gostar de ler qual foi o livro que te marcou?
Ronize: O primeiro livro que tenho lembrança de ter feito “uau” foi Marcelo, Marmelo, Martelo, da Ruth Rocha. Ele continua sendo até hoje um de meus livros preferidos. Fiquei apaixonada pelo Marcelo e pela forma de contar histórias da Ruth.

@portrasdoslivros: Ronize, por que livros infantis?
Ronize: Eu devolveria a pergunta: e por que não? Grandes autores infantis costumam dizer: eu escrevo histórias, os outros é que dizem que são para crianças. Eu mesma sou uma leitora voraz de literatura infanto-juvenil, por prazer e não apenas por dever do ofício. O imaginário infantil é riquíssimo. A criança ainda não totalmente “limitada” pelas convenções sociais, então ela se permite ir mais longe. Isso não significa que a criança aceite qualquer coisa, não. Pelo contrário, ela é uma leitora exigente, mas também é capaz de viver de forma muito mais intensa a sua imaginação.

@amantesporlivros: Com que idade começou a escrever? Pretende escrever outro tipo de gênero?
Ronize: Assim como muitos outros escritores, comecei a escrever na adolescência. Acho que é nessa época que sentimos necessidade de nos expressar de forma única, mas nem sempre sabemos como fazer isso através da fala. Então, muitos acabam recorrendo à escrita. Como outros adolescentes, também, comecei escrevendo poesia. Mas é preciso ter senso crítico – como disse no post 7 atitudes que novos autores deveriam cultivar(http://sibipapoliterario.blogspot.com.br/2014/02/quer-ser-escritora-confiram-7-atitudes.html) – e meus poemas não eram nada bons. Quando passei para a prosa, senti que estava em casa. Comecei escrevendo contos, que ainda permanecem inéditos, depois passei para a literatura infantil (tenho dois livros publicados). Estou no meio de um romance juvenil e pretendo, em seguida, escrever um romance de fantasia.

@adrianacoule: Ronize, quando e como você decidiu que queria ser escritora?
Ronize: Continuando um pouco a pergunta anterior, foi quando deixei de escrever poesia e passei para a prosa. Foi então que entendi que era isso que eu queria fazer o resto da minha vida: contar histórias. Como escritor, no Brasil, não é uma profissão que se possa ter exclusivamente, fui fazer faculdade de jornalismo, que era o mais próximo que eu via da literatura. Como jornalista, conseguir trabalhar escrevendo histórias – só que histórias reais – e vendo-as publicadas.

@andmonicasilva: Ronize, diante das dificuldades da vida, da busca por uma vida melhor financeiramente, pela influência dos pais para que possamos escolher uma profissão que nos proporcione uma vida boa, o que você tem a dizer para uma pessoa que ama escrever, que seus textos são elogiados, mas que está totalmente perdida sobre que profissão seguir?
Ronize: Tenho duas coisas a dizer. A primeira é: a gente tem que fazer o que ama. Se não, seremos sempre profissionais medíocres, cujo trabalho é um eterno tormento. A segunda é: na maioria das vezes precisamos fazer alguns desvios no nosso caminho para chegarmos onde queremos. Como falei na pergunta anterior, fui fazer jornalismo, trabalhei como jornalista (e ainda trabalho), sou professora universitária, trabalho como tradutora, ou seja, tive de buscar outras formas de trabalho para preencher as nossas necessidades de sobrevivência – mas sempre busquei opções ligadas à escrita. Meu primeiro livro, O dono da Lua, levou nove anos para ser publicado. Muito tempo? É. Em compensação, recebeu prêmio, foi adotado pelas escolas do ensino fundamental do estado de São Paulo, do município de Contagem, além de outras vitórias que foi acumulando. Então vale a pena investir no que ama, mas não dá pra ficar parada, sem fazer nada. São muitas horas de sono abdicadas para conciliar tudo (no meu caso, família e filho pequeno também).

@liestevesassis: Ronize, como passar para as crianças de hoje os valores necessários para se viver em sociedade através das histórias nos livros?
Ronize: Comece pensando que literatura, assim como outras formas de arte, é para dar prazer. Pense no que você gostava de ler quando criança, o que te divertia, é isso que as crianças vão querer. Independente das novas tecnologias, os temas que nos encantam são universais – não fossem, os contos de fada não continuariam encantando crianças até hoje. E quando você conta histórias que tocam o seu público, é inevitável que ele assimile as história e seus valores. Mas não se pode confundir literatura com livro didático ou paradidático. Se ficar pensando em ensinar algo ou passar lição de moral em vez de proporcionar diversão, provavelmente não conseguirá nem uma coisa nem outra. Esses valores que você cita vêm embutidos em histórias de monstros, vampiros ou romances, mas não podem ser a preocupação principal. Senão, é mais provável que o livro estará afastando a criança em vez de atraí-la.

@jklaos: Você é a primeira da família que escreve livros ou já vem de gerações passadas e qual a importância de escrever para crianças, já que são o futuro de um país?
Ronize: Sou a primeira escritora da família (pelo menos até onde eu saiba). Meu pai adorava ler, foi com ele que aprendi o prazer da literatura. Minha mãe adora contar histórias, casos e episódios do passado. Acho que juntei os gostos dos dois na minha paixão pela literatura. Sabe-se que é a criança é muito mais suscetível a novos hábitos, comportamentos, a conhecer outras coisas, enquanto o adulto tem uma certa resistência a mudar. Por isso a importância de estimular a leitura desde criança, pois se crescer sem o gosto pela literatura, será muito mais difícil adquiri-lo mais tarde. Mas acredito que mais importante até do que escrever para crianças é ler para crianças. É comum os pais comprarem livros e darem para seus filhos, muitas vezes obrigando-os a ler (nada que é obrigada traz prazer), mas são incapazes de sentarem-se para ler junto com eles. É preciso mostrar que você gosta de ler para que seu filho tenha curiosidade em descobrir por que aquilo te dá tanto prazer. Foi assim que quis aprender a ler, de tanto ver meu pai com livros na mão.

@oitamandua: Quando disse que queria ser escritora qual foi a reação das pessoas ao seu redor? E seus pais? Aceitaram numa boa mesmo sabendo que escrever dependeria muito da reação dos leitores?
Ronize: Meus pais sempre me apoiaram. Mas acho que isso também depende da sua postura em relação à vida. Como falei nas perguntas anteriores, não fiquei parada esperando a literatura “acontecer” na minha vida. Ao mesmo tempo em que ia tentando abrir caminho nesse mercado tão difícil, fui trabalhar com outras coisas que pudessem me dar condições de perseguir meus objetivos. E continuo até hoje. Então acredito que tudo depende da forma como você administra a sua vida. Não dá para ficar refém dos outros, é precisa ter a iniciativa de construir a sua própria história.

Ronize: Quero agradecer à Fabíola pela oportunidade de ter estar em cotato com os leitores do Papo Literário e dizer que foi um grande prazer responder às perguntas de todos. Costumo fazer visitas a colégios para conversar com os alunos sobre os me

E essas foram as perguntas feitas pelos leitores! Esse post foi uma nova experiência pois eu nunca tinha feito antes e também agradeço a Ronize por escolher o Papo Literário para fazer parte de um projeto tão legal! Eu adorei cada parte! Foi demais! Obrigada mesmo!
Espero que tenham gostado leitores! Até a próxima!!!

Carpe Diem

Deixe um comentário